O Louco de Flammarion

O Louco de Flammarion


Nessa imagem, ilustrada por Orly Wanders (@orlywanders), o Louco do tarô entra na Gravura de Flammarion, a clássica imagem do homem em busca do desconhecido. Essa ilustração teve – e tem – papel central no jogo de tabuleiro “A Roda do Tarot”, que mencionei no post anterior.


A Gravura de Flammarion tem esse nome pois foi documentada pela primeira vez em 1888, em um livro de Camille Flammarion (1842-1925) sobre meteorologia, cuja legenda dizia: “um missionário da Idade Média diz que encontrou o lugar onde o céu e a terra se encontram…” Flammarion foi um médico, astrônomo e pesquisador francês e escreveu inúmeros livros sobre ciência, filosofia e fenômenos psíquicos.

Essa gravura representa a busca do homem para desvendar os mistérios do mundo e, nesse sentido, se tornou uma imagem representativa do processo de busca e autoconhecimento que move (ou deveria mover) a humanidade. 

Não me lembro quando vi esta imagem pela primeira vez, mas ela me fascina, pois mostra que a busca por respostas é ancestral. “Quem somos, de onde viemos, para onde vamos?” são perguntas que a humanidade se faz há milênios. Descobrir a resposta para essas questões mobiliza a filosofia, a religião e a arte de todas as civilizações.

Por esse significado, a gravura teve papel de destaque na ilustração do jogo de tabuleiro “A Roda do Tarot”, que mencionei no post anterior. Ela ocupou, inicialmente, o centro do tabuleiro e, depois, a caixa do jogo, como mostrarei no próximo post.

Acredito que essa gravura representa perfeitamente a busca por conhecimento que o jogo – e o tarô – propõem.

No vídeo que publiquei no Instagram, o Louco de Flammarion dança, também, ao som de “Encantado” (“Nature Boy”) , uma música que parece ter sido feita sob medida para o Louco e por um Louco (no fim do post, conto a incrível história dessa música).

A letra em português já deixa essa associação visível, mas, na letra original, em inglês, essa associação fica ainda mais nítida. Transcrevo abaixo as duas versões:

Encantado 

Era um rapaz
Estranho e encantador rapaz
Ouvi que andara a viajar, viajar
Toda a terra e o mar
Menino só e tímido
Mas sábio demais.
Eis que uma vez
Num dia mágico o encontrei
E ao conversarmos lhe falei
Sobre os reis, sobre as leis, e a dor
E ele ensinou
Nada é maior que dar amor
E receber de volta o amor.

 Nature Boy

There was a boy
A very strange, enchanted boy
They say he wandered very far
Very far, over land and sea
A little shy and sad of eye
But very wise was he
And then one day
A magic day he passed my way
And while we spoke of many things
Fools and kings
This he said to me:
“The greatest thing you’ll ever learn
Is just to love and be loved in return”

Essa canção tem uma história incrível e seu autor lembra muito o nosso querido Louco. Segundo pesquisei, em 1941 o autor, George McGrew (que posteriormente adotou o nome “eden ahbez”) chegou a Los Angeles com 33 anos, se encantou por uma filosofia alternativa, dormiu em cavernas e embaixo do letreiro de Hollywood, onde foi encontrado para que pudesse autorizar a gravação de sua música por Nat King Cole, que ocorreu em 1948 (para quem quiser saber os detalhes dessa história, vou colocar nos stories). Depois disso, a canção fez um sucesso estrondroso, tendo sido gravada pelos maiores nomes da música nacional e internacional. No Brasil, foi gravada por Maria Bethania, Caetano Veloso e Ney Matogrosso. 

Conta pra mim – você já conhecia a Gravura de Flammarion? O que ela representa para você?

Comentar