“A certeza traz ruína” era uma das máximas inscritas na entrada do Oráculo de Delfos na Grécia Antiga. Assim como o Oráculo, a Lua do tarô nos pede para abraçar a incerteza.

A Lua é o último limiar do tarô. No mundo da Lua, a imaginação, a mente inconsciente e a incerteza reinam sobre o pensamento lógico, a mente consciente e as certezas. Este é, afinal, um território mágico.

A carta da Lua é, quase sempre, associada a estar confuso ou a um momento incerto em nossas vidas. No entanto, isso não precisa ser visto de modo negativo: desde tempos antigos, místicos e estudiosos sabem o valor da confusão para alcançar a iluminação.

Em seu livro “Tarot for Change” (ainda sem tradução para o português), Jessica Dore estudou os efeitos curativos da confusão em várias tradições, destacando os famosos zen koans, enigmas usados ​​pelos zen-budistas para “revelar as limitações de conhecer com a mente analítica”. De acordo com Dore, “estar em um estado de não-saber cria aberturas, ilumina novos caminhos e, portanto, está repleto de potencial, mesmo que o que ainda não podemos entender possa nos assustar”.

Da mesma forma, o rabino e escritor Nilton Bonder afirmou, em seu livro “O Sagrado”, que “a tarefa do sábio é enredar-se em perguntas, desvencilhar-se de respostas”.

Para alcançar a totalidade, precisamos nos sentir confortáveis ​​em não ter todas as respostas e em navegar no desconhecido; e confortáveis com a incerteza, como o Oráculo de Delfos recomendou há quase 3.000 anos. Cabe lembrar também que, em 1927, Heisenberg demonstrou cientificamente que a certeza absoluta é uma impossibilidade física, elaborando o Princípio da Incerteza, um dos pilares da física quântica.

Em minha prática com o tarô, a Lua é a carta cuja interpretação eu mais mudei ao longo do tempo. No começo, eu não gostava de ver essa carta em uma tiragem, mas, com o passar dos anos, passei a respeitá-la e entender seu valor. Assim como a Lua real nos deixa maravilhados, esta carta me inspira agora, e eu a vejo – ou pelo menos tento – em uma luz positiva. Abrir mão de certezas é um trabalho para a vida toda.

Clique no link abaixo para ler mais sobre o Oráculo de Delfos e suas 147 máximas:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Máximas_délficas

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