Tarot do Coronavírus

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Tarot utilizado: Radiant Rider Waite © Tarot, de U.S. Games Systems, Inc.

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Desde a última postagem nesse site, fiz alguns jogos a pedido dos leitores, e gostaria de compartilhá-los aqui em breve. No entanto, penso que, antes de qualquer outra postagem, preciso falar sobre o assunto incontornável do ano, que mudou drasticamente a vida de quase todos os habitantes do planeta: o coronavírus Sar-CoV-2 e a doença que ele causa, Covid-19. Desde que essa crise começou, não se fala em outra coisa, e com razão: a vida de quase todos os habitantes do planeta foi alterada, em maior ou menor grau. O vírus forçou mudanças inéditas em nosso modo de viver e de conviver.

Pois bem: decidi fazer um jogo para saber o que o tarot tem a revelar sobre esse assunto. Fiz meu jogo preferido, o da Cruz Celta, com algumas cartas adicionais na casa do Resultado Final, e o resultado foi surpreendente. Veja a foto da tiragem e em seguida acompanhe a interpretação, feita com base no livro da Rachel Pollack, “78 graus de sabedoria” e nos ensinamentos da Joan Bunning.

1 – Situação central.

Na casa central, saiu ninguém mais, ninguém menos, que O Louco, o Arcano que dá início a toda a jornada do tarot. Tradicionalmente, é uma carta que indica o começo de uma nova fase, espontaneidade e fé, no sentido de confiar e acreditar no fluxo da vida – e em si mesmo. O louco vive com alegria e sem preocupações. Ele não teme o abismo, nem se deixa dominar pelo medo. Ele simplesmente vai, ele simplesmente é. Aqui, essa carta pode estar indicando o início de uma nova fase da aventura humana. De fato, parece que estamos passando por um “reboot”, uma mudança radical na nossa maneira de ver – e ser – no mundo.

2 – Obstáculos e apoios. 

Na casa de Obstáculos e Apoios, saiu o 8 de Espadas, carta que representa sentir-se confuso, restrito e impotente. De acordo com Pollack, essa carta “simboliza confusão, ideias opressoras e isolamento de outras pessoas em situações similares”. Bem literal! 

3 – Raízes. 

Na casa da raiz da questão, saiu o 4 de Ouros, uma carta que, de acordo com as definições de Bunning, significam acumulação, egoísmo, querer manter o controle, bloquear mudança, recusar-se a ver novas possibilidades, obstruir novos desenvolvimentos, apegar-se ao presente, resistir ao fluxo da vida. Bem, aqui começam as interpretações acerca de eventuais significados mais profundos que a eclosão dessa pandemia suscitou. Não se trata de querer atribuir às pessoas alguma “culpa” pelo aparecimento dessa pandemia. O que sim podemos discutir é a nossa capacidade de resposta coletiva a esse problema – como nós, habitantes comuns desse planeta, poderíamos fazer para lidar melhor com alguma ameaça desse tipo – presente e futura? Essa carta mostra que, na raiz dessa questão, está um mundo em desequilíbrio, em que as pessoas resistem a mudar velhos padrões de comportamento, estruturas de dominação ultrapassadas, sistemas sócio-econômicos injustos. O mundo pré-coronavírus era um mundo claramente em desequilíbrio.
Em um mundo em que, por exemplo, houvesse mais enfermeiros, médicos e cientistas, e eles ganhassem mais do que banqueiros, será que não estaríamos mais preparados para combater essa ameaça? Será que poderíamos ter obtido uma vacina mais rapidamente? Em um mundo em que todos os países tivessem uma ampla rede de serviço médico gratuito, com capacidade para compra de milhões de ventiladores, será que não poderíamos ter passado pelo isolamento mais rapidamente, sem sobrecarregar os sistemas de saúde? Por que tantos países seguem investindo bilhões no orçamento bélico, e tão pouco em Pesquisa & Desenvolvimento científico? Essas são questões de fundo que temos de nos fazer enquanto sociedade. Porque essa não foi a primeira pandemia e nem será a última. Da próxima vez que algo semelhante ocorrer, estaremos realmente preparados? Teremos aprendido as lições que se apresentam a nós agora? Se não formos capazes de responder afirmativamente a essas perguntas, estaremos condenados a repetir essa mesma lição.

4 – Passado recente. 

Na casa de Passado recente, saiu outra carta marcante, que era de se esperar nesse jogo: a carta da Torre, que simboliza mudança repentina, destruição, ruptura, caos. E também: momento de revelação, em que, de repente, percebemos a verdade sobre uma questão, e o que estava escondido torna-se evidente. Às vezes, caso mudanças necessárias não sejam percebidas e implementadas, algum evento inesperado aparece para forçar essa mudança. De acordo com Pollack, “o universo, e a mente humana, não nos permitem permanecer para sempre presos em nossas Torres de ilusão e repressão. Se nós não conseguimos nos liberar de maneira pacífica, então as forças da vida arranjarão uma explosão.” Ou seja, aqui está o universo implodindo nossa vida, para que, quem sabe, possamos reconstruir nossas sociedades em bases mais sólidas e justas.

5 – Presente. 

Na casa do presente, saiu a carta do Mago, uma linda carta que representa ação consciente, concentração, força de vontade, libertar o poder criador. Essa carta representa também nossa habilidade em criar a nossa própria realidade. Algo grande está sendo criado! Nessa casa, a carta parece estar mostrando que as pessoas estão unidas em criar uma solução para combater este vírus e reconstruir a destruição deixada pela Torre. Essa é uma carta muito positiva nesta casa! Só precisamos garantir que essa reconstrução será feita em bases sólidas.

6 – Futuro imediato. 

Na casa de futuro próximo, saiu o Valete de Ouros, uma boa carta, que representa objetivos realistas, esforço concentrado, foco e progresso, promessa de boa sorte no mundo material. Ou seja, ela pode estar mostrando que, já no futuro próximo, as coisas começarão a melhorar.

7 – Consulente (pessoas). 

As casas 7 e 8 representam o ambiente em torno dessa questão. Uma foca o consulente, que no caso desse jogo são as pessoas, e o outro foca o ambiente de forma geral, englobando todo o planeta. Saíram as cartas da Justiça e o Ás de Paus, duas cartas positivas e muito poderosas. A carta da Justiça representa assumir responsabilidade, entender causa e efeito, preparar-se para uma decisão, respeitar a justiça. Esses significados mostram uma energia poderosa resultante deste caos todo. Segundo Pollack, sempre que esta carta aparece em uma leitura, é sinal de que os eventos ocorreram da maneira que tinha de ser, isto é, o que está acontecendo é resultado de situações e decisões passadas. Essa carta, aqui nessa casa, pode estar mostrando que as pessoas estão começando a entender sua parte de responsabilidade na criação de um mundo melhor e na luta contra a desigualdade, a pobreza, o racismo, o sexismo e a homofobia.

8 – Ambiente (mundo). 

O Ás de Paus é a primeira carta do naipe de Paus e traz em si muita energia criadora, entusiasmo, confiança e coragem. Essa carta representa confiança no sucesso e fé em seu caminho, saber que tudo ficará bem. Caso esse ambiente seja consequência dos desenvolvimentos citados anteriormente, é um pequeno sinal de que estamos caminhando no rumo certo, de que estamos coletivamente sabendo lidar com essa questão e, sobretudo, aprendendo com as duras lições que o vírus nos obrigou a encarar.

9 – Medos e Desejos.

Na casa de medos e desejos, saiu a carta da Lua, uma carta muito adequada para este momento, uma vez que representa medo, ilusões e confusão. Mostra a dificuldade de todos nós de passarmos por esse momento tão conturbado. Aqui a interpretação é bem direta.

10 – Resultado final. 

Na casa 10, a de resultado final, acabei tirando um total de seis cartas. Fiz isso porque queria mais detalhes sobre essa etapa tão importante da questão. A primeira carta que eu tirei foi o 8 de Paus, que representa agir rapidamente, chegar a uma conclusão bem-sucedida, e receber notícias (em geral boas). Esta carta parece estar mostrando claramente que a questão vai ser solucionada no futuro mais distante.

As outras quatro cartas que eu tirei foram, curiosamente, uma de cada naipe, mostrando, talvez, um equilíbrio entre os quatro elementos que constituem a nossa realidade, que no tarô são, respectivamente, Espadas (razão), Copas (emoção), Paus (energia) e Ouros (matéria). Dessas 4, uma era um Rei (maturidade, disciplina e foco), outra um Cavaleiro (enérgicos e ativos), outra o Valete (aprendizes em desenvolvimento), e outra o Ás (início de cada naipe, contém a semente potencial daquele elemento). As três primeiras contêm representantes de três das quatro cartas da corte. E o Ás de Ouros, que simboliza prosperidade, vem para mostrar a possibilidade de criação de um mundo estável e seguro. De acordo com Pollack, esse Ás sinaliza que “a civilização, quando ela funciona bem, nos dá proteção. Por meio do trabalho da civilização, a humanidade transforma a matéria bruta da natureza em um ambiente seguro e confortável”. 

A última carta tirada foi a carta da Sacerdotisa, que representa acessar o inconsciente, desenvolver o potencial, buscar direção de sua voz interior, abrir-se para o desconhecido, buscar o que está escondido. Essa é a carta da sabedoria interior. Faltava uma mulher para compor as cartas do resultado final, e apareceu essa. Creio que esta é uma linda carta para terminar o jogo. Em uma interpretação bem otimista, a Sacerdotisa  pode estar mostrando uma mudança de percepção coletiva, uma visão mais profunda das coisas e –  quem sabe -, até mesmo a capacidade de deixar florecer um mundo melhor para todos nós. Mas não se esqueça de fazer a sua parte na construção desse novo mundo, agindo da melhor forma possível, com você mesmo, com os outros e com o planeta. 


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