Ética no tarô

A Justiça representa, entre outras coisas, agir com base em princípios éticos, assumir responsabilidade por suas ações e entender que toda ação tem uma consequência. Agir inspirado por esse arcano é um dever ético não só de tarólogos, mas de todos nós.

Falar de ética no tarô é um assunto delicado. Não tenho a pretensão de impor regras para ninguém, mas julgo necessário esclarecer minha posição pessoal a respeito desse tema. O que estou expondo aqui é a maneira como eu faço minhas leituras de tarô e é também a maneira como eu gostaria que fizessem uma leitura para mim.

Rachel Pollack, grande mestra do tarô, diz que, quando faz uma consulta para alguém, “assume a responsabilidade de direcionar essa pessoa para um caminho positivo”.

Eu concordo com ela. Mesmo que as cartas e o jogo como um todo estejam difíceis, é possível extrair deles uma boa orientação e iluminar, de alguma maneira, o caminho da pessoa, para que suas escolhas possam ser as mais sensatas, dado um determinado contexto.

Ademais, sempre é importante frisar que o futuro não está pré-determinado, e a pessoa pode alterar a previsão das cartas com suas atitudes presentes. Além disso, acredito que somente a pessoa poderá tomar uma decisão, e não o tarô ou o tarólogo.

Na leitura das cartas, eu evito falar sobre 4 assuntos: morte, doença, desastre e divórcio (em inglês, os chamados “4Ds”: death, disease, disaster, divorce), temas evitados também por muitos outros tarólogos, como Mary K. Greer, uma das grandes mestras do tarô (ver link: What Every Newbie Tarot Reader Should Know).

Pessoalmente, não vejo benefício em falar sobre esses assuntos para o consulente. Acredito que é possível passar todo o recado necessário sem deixar o consulente (mais) preocupado ou ansioso. 

⚠️ Para você, consulente, minha sugestão é: seja qual for sua posição, esclareça de antemão o que você espera da consulta. Não quer saber sobre assuntos mais sensíveis? Avise! Não se importa em saber? Avise! É um direito que você tem.

Como regra geral, lembre-se: o tarô deve servir para iluminar os caminhos, e não para dificultá-los.

Todos os princípios éticos relacionados ao tarô estão muito bem explicados no Código de Ética do tarô, cuja leitura recomendo, tanto para tarólogos, quanto para consulentes.

O Código de Ética do Tarô reúne uma série de princípios éticos que devem guiar a atuação dos tarólogos que aderem ao Código – e somente a eles, pois a adesão é voluntária! Cada tarólogo tem, evidentemente, o direito de concordar ou não com esse documento, no todo ou em parte.

Eu concordo com o que está exposto nesse documento. Em minha avaliação pessoal, trata-se de um texto muito bem feito, que abarca os principais pontos que avalio importantes em uma leitura de tarô.

Além disso, acredito que a prática do tarô de maneira ética favorece não somente o tarólogo e o consulente em questão, mas a atividade como um todo.

Esse Código foi apresentado durante o 2o Congresso de Tarô, realizado em Barcelona, em 2012, e foi redigido pela escola de tarô Mariló Casals, em colaboração com a escola de tarô Lemat e muitos outros tarólogos. 

A versão em português foi autorizada pela organização do congresso em 2015, tendo sido traduzida pelo tarólogo Marcelo Bueno, do Zephyrus Tarot, e por Ivana Mihanovich, taróloga e autora do excelente livro Tarot Luminar, cuja leitura recomendo. Já escrevi sobre ela e o livro dela no seguinte post: https://tarotdiario.com.br/2016/03/16/tarot-luminar/ Lá também reproduzo uma entrevista maravilhosa que ela deu ao Portal Blocos On-line.

Clique no link abaixo para baixar o Código:

Observação: o link que consta do documento em português não está funcionando, mas quem quiser aderir pode entrar no site espanhol e dar conhecimento dessa adesão em seu site ou redes sociais.

Imagem: carta “11 – A Justiça”, do tarô Rider Waite Smith, ilustrado por Pamela Colman Smith em 1909.

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